Doutor Peter Lund
História do dinamarquês Peter Wilhelm Lund
Publicado em 15/04/2009 14:00 - Atualizado em 28/10/2019 18:52
Peter Wilhelm Lund
O monumento encontra-se junto ao túmulo de Peter Lund
Peter Wilhelm Lund, ou melhor, Doutor Peter Lund. Nasceu em 14 de junho de 1801 na cidade de Copenhague, Dinamarca. Filho de ricos comerciantes de lã, Peter foi Bacharel em Letras e aos 17 anos ingressou no curso de Medicina. Peter Lund transferiu-se para o Brasil em Dezembro de 1825 e logo sente a “atração mágica da natureza tropical". Residiu inicialmente na aldeia de pescadores de Itaipu (RJ). Dedicou-se à zoologia e sobretudo à botânica. Estudou o comportamento das formigas e os ovos de certos moluscos em um dos mais completos ensaios sobre o assunto. Montou diversas coleções zoológicas, remetidas ao Museu de História Natural da Copenhague, sua cidade natal.
Homem de garra e de muita determinação,
Lund foi reconhecido mundialmente como pai da arqueologia (estudo das culturas do passado), da paleontologia brasileira (estudo das formas de vida que viveram na Terra) e acumulou ainda o título de pai da espeleologia (estudo das cavernas). Lund é considerado o pai da espeleologia brasileira pelo pioneirismo na visita a várias grutas e pela consciência ecológica vanguardista que demonstrou. "Infelizmente, retiraram o conteúdo destas grutas para extração do salitre, sem o mínimo respeito pelas relíquias acumuladas nestes lugares realmente sagrados."
Crânio do "Homem de Lagoa santa"
Lund foi ainda o primeiro a localizar e a entrar em algumas das mais de 800 cavernas que explorou. Em sua trajetória, descobriu mais de 12 mil peças fósseis, que permitiram escrever a história do período pleistoceno brasileiro (período em que ocorreu a extinção dos grandes mamíferos e a evolução dos humanos modernos), o mais recente na escala geológica, numa época em que o passado tropical era quase desconhecido pela ciência. Lund descobriu também ossadas do chamado 'homem de Lagoa Santa', que puseram em xeque uma série de pressupostos aceitos pela paleontologia.
Em outubro 1834, Lund e seu amigo Ridel chegaram a Curvelo (MG), onde encontram casualmente o cientista Peter Claussen, que explorava salitre em cavernas calcárias na região de Lagoa Santa. Havia em seu interior grandes ossos que os habitantes locais atribuíam a homens pré-históricos gigantescos. A extensa área para pesquisa levaria Lund a se dedicar à paleontologia.
Em 1835, Lund retornou a Lagoa Santa. As primeiras grutas visitadas por ele foram a Lapa Vermelha e a Lapa Nova de Maquiné. Sobre esta última, escreveu: "quanto a mim, confesso que nunca meus olhos viram nada de mais belo e magnífico nos domínios da natureza e da arte". Um de seus maiores feitos aconteceu neste mesmo ano, em 1835, com a descoberta da Gruta da Lapinha, que hoje é um dos pontos turísticos da cidade de maior representatividade. Além da Gruta da Lapinha, o pesquisador dinamarquês pesquisou muito sobre a gruta de Maquiné, gruta Rei do Mato e gruta do Sumidouro, esta última, com destaque para a grande quantidade de fósseis encontrados.
Casa onde Dr. Lund viveu em Lagoa Santa
Lund viveu na mesma casa até morrer. Nos fundos, construiu um barracão para a preparação e estudo de fósseis. Protestante, ele não pôde ser enterrado no cemitério local e comprou um terreno, que mandou "murar para enterrar meus amigos e a mim também". Lund determinou que fosse sepultado à sombra de um pequizeiro; árvore típica do cerrado que dá um fruto aromático, num local aprazível onde costumava estudar. Também ali foram sepultados seus colaboradores Pedro Andreas Brandt, Guilherme Behrens e João Rodolfo Müller.
Ao lado do túmulo, marcado por uma lápide de mármore negro, foi erguido um monumento em homenagem a Lund por iniciativa da Academia Mineira de Letras. O monumento hoje é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Dias antes de morrer, Lund chamou um coveiro, deu-lhe uma generosa gratificação e encarregou-o de abrir imediatamente sua cova, que deveria ter mais de vinte palmos de profundidade. Lund chamou também a autoridade local para que não houvesse demora na leitura de seu testamento, que continha recomendações para execução imediata. Na carta, Lund solicitou uma grande festa para todos os moradores da cidade. Há frente do cortejo, deveria vir a Corporação Musical de Santa Cecília, primeira banda de música de Lagoa Santa, fundada e custeada por ele. Como último desejo, Lund pediu músicas alegres e que ninguém chorasse. Em sua casa, a mais farta mesa estaria posta, com os vinhos de sua adega.
Peter Lund
Lund viveu durante 45 anos em Lagoa Santa, todos dedicados a desvendar os enigmas que cercavam a cidade. Peter Wilhelm Lund veio a falecer em 25 de maio de 1880, três semanas antes de completar 79 anos. Seu túmulo está localizado à Rua Aquiles de Lisboa, no bairro Lundcéia.
Ainda hoje, Lund é a principal referência para estudiosos da paleontologia de mamíferos no Brasil. Pretendia desenvolver monografias sobre diferentes mamíferos pré-históricos, mas realizou seu intento apenas para os caninos. Antes do surgimento da teoria de Darwin, as descobertas de Lund apontavam para a evolução das espécies. O dinamarquês acreditava que desastres naturais teriam levado à extinção de diversas formas de vida, o que ficou comprovado pela ciência com o passar dos anos.
Fonte:
www.pamals.mil.br/internet/peter.htm acessado em 13/04/2009.
Cartilha do cidadão lagoassantense.
Edição 2003.
por Assessoria de Comunicação Social